O extraordinário espectáculo
da geometria dos rasgos perfeitos,
o balanço dos silêncios
reféns dos condominios fechados,
o abrupto despertar
da equação zero,
a hesitação das rugas
na indelicada nostálgia
das 35 passadas.
O desabafo cientifico
tornado queixume técnico,
o conta-gotas seco
pelo próprio veneno,
os amores que se contam
pelos dedos dos fantasmas,
a arquitectura possivel
da turbina reativa
a trinta e cinco passadas.
Mas eis que do sangue
o maior poema deles,
desagrafada da carne
a poesia toda,
a cirurgia das estrelas
em verbos desinfectados,
as casas dos poetas
pintadas com vinho.
Sobram só
lamas passadas.
Lamas que se arrancam das passadas.
( Dedicado à Mariana 05-11-2008).