Vivo nas bibliotecas dos assassinos
Entre os degraus do inferno
E os cadáveres de gelo e de neve.
Vivo entre os anjos nervosos e decepados
Celebrando festins inúteis
E imitando o Outono e a intolerância das bruxas.
Vivo nas olarias do egoísmo
Onde se confunde o deserto com as lágrimas,
As estrelas com o luto
Onde se pilham astros como se de cobre se tratasse.
Vivo na torre das cinzas.
Num arquipélago cego
Onde se bebe a memória com monstros
Nos palheiros do impossível e da doença.
Daí ...
Amar a lua ajoelhada nos matadouros.
Daí alugar os meus olhos
Às lajes vazias.
Daí ferir os Domingos
E beber veneno.
Daí assassinar os meus cavalos e cuspir amor.
Vivo nas bibliotecas dos assassinos
Entre os livros das chagas e os manuscritos do sangue
Entre o perfume das noivas virgens e frias
E a primeira viúva que criei
Entre o desastre iminente
De querer e não querer voltar do fim.
Por isso, piso os cabelos e as entranhas dos bosques,
Assalto e violo as filhas do entendimento,
Perfuro as carnes e as unhas
Com os últimos dias que restam.
Por isso, também eu me tornei um assassino.
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