sábado, 10 de dezembro de 2011

As bibliotecas dos assassinos

Vivo nas bibliotecas dos assassinos

Entre os degraus do inferno

E os cadáveres de gelo e de neve.



Vivo entre os anjos nervosos e decepados

Celebrando festins inúteis

E imitando o Outono e a intolerância das bruxas.



Vivo nas olarias do egoísmo

Onde se confunde o deserto com as lágrimas,

As estrelas com o luto

Onde se pilham astros como se de cobre se tratasse.





Vivo na torre das cinzas.

Num arquipélago cego

Onde se bebe a memória com monstros

Nos palheiros do impossível e da doença.



Daí ...

Amar a lua ajoelhada nos matadouros.

Daí alugar os meus olhos

Às lajes vazias.

Daí ferir os Domingos

E beber veneno.

Daí assassinar os meus cavalos e cuspir amor.



Vivo nas bibliotecas dos assassinos

Entre os livros das chagas e os manuscritos do sangue

Entre o perfume das noivas virgens e frias

E a primeira viúva que criei

Entre o desastre iminente

De querer e não querer voltar do fim.

Por isso, piso os cabelos e as entranhas dos bosques,

Assalto e violo as filhas do entendimento,

Perfuro as carnes e as unhas

Com os últimos dias que restam.

Por isso, também eu me tornei um assassino.

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